Durante a pandemia, eu precisei focar quase que 100% dos meus esforços em crescer no digital, como forma de prospectar novas clientes e manter contato com quem já havia comprado comigo. Isso aconteceu com praticamente TODO MUNDO que empreende, nada de novo nessa história. Estudei muito marketing digital, caí no papo de guru que ensina a crescer no Instagram e toda aquela ladainha para a qual hoje, em 2025, já estamos vacinadas. Parece que esse vírus acompanhou a ascensão e queda do covid, agora que parei pra refletir.
Bom, vigarices à parte, uma coisa que realmente fez sentido em tudo o que estudei sobre marketing digital, principalmente naquela época (como se estivéssemos falando de décadas atrás, né), era aquilo de “criar conexão com o público”, “humanizar o perfil”, “deixar as pessoas conhecerem o rosto por trás da marca”… lê-se: virar blogueirinha. Então foi isso que eu e mais trocentos milhões de pessoas fizemos (fonte: CABEÇA, vozes da minha).
Meu Instagram da marca virou meu Instagram pessoal: troquei a logo no perfil por uma foto minha, estrategicamente pensada para transmitir credibilidade e ao mesmo tempo me mostrar acessível, como uma pessoa pra quem você quer contar os seus segredos; intercalava os carrosséis de conteúdos relevantes para o meu nicho com fotos minhas e dos meus pets; os stories eram em sua maioria mostrando o meu dia-a-dia, com uma pitada de conteúdo de venda aqui e ali, para não saturar a audiência de produtos. Eu aderi à blogueiragem, virou parte do meu dia num nível que eu realmente conseguia me considerar uma micro influenciadora.
Um ponto importante aqui: antes disso, eu não era uma pessoa de Instagram, sabe? Nem de redes sociais em geral. Uma amiga que criou um insta pra mim um dia, porque queria me marcar nas fotos do rolê, e eu nem entrava nele. Comecei a usar realmente como forma de divulgar o meu trabalho - ou seja, dá pra perceber que tornar o insta um hábito na minha vida deu muito mais trabalho do que para pessoas que já gostavam de usar a rede.
(e nem me fale de twitter e tik tok, tá? nunca consegui gostar deles e eles nunca gostaram de mim)
Em prol do trabalho, aprendi a fazer isso de blogueirar e com o tempo passou a ser normal, mais uma tarefa do dia. Postava comidinhas (sou vegana, isso acho legal continuar compartilhando), postava minha vida fitness (o que até me ajudou a manter a constância na academia), postava meus pets (que faziam obviamente muito mais sucesso do que eu), além de falar sobre o que realmente era o foco do perfil - pra quem caiu aqui de pára quedas: sou dona de sex shop e sexóloga, então o nicho é produtos eróticos, relacionamento, prazer e empoderamento femininos…
Só que em 2020 a forma de produzir conteúdo era completamente diferente do que é hoje, às vezes eu me espanto com o quanto tudo mudou tão rápido no digital. Eu nunca fui de dancinhas e acho que nunca serei, mas aprendi a usar o reels e até que fazia isso muito bem. Os stories sempre foram uma forma de conexão incrível com basicamente todo mundo que me segue. Eu fui me adaptando, sabe?
Só que a vida em 2020 também era muito diferente do que é hoje. E a Letícia então? Hoje ela é outra! E as várias versões de mim que existiram nesses 5 anos lidaram muito bem, obrigada, com as demandas do Instagram pessoal/profissional. A Letícia de hoje? Nem tanto. Ela cansou.
Não, não. Ela embucetou, vamos usar o termo que transmite mais peso à essa situação.
E a Letícia madura de hoje entende muito mais de negócios e networking do que a versão verde de 2020, então ela tem plena noção de que deveria persistir na rede e aprimorar o modo de usar, focar em fortalecer o negócio das colegas empreendedoras, voltar a usar o feed de forma estratégica, manter a sagacidade nos stories.
SÓ. QUE. ELA. EM-BU-CE-TOU. PONTO.
Eu embucetei. Eu sei muito bem o que fazer, posso montar meu calendário editorial agora mesmo pra um mês. Posso montar um roteiro de stories delicinha. Posso me comunicar com as pessoas do jeito que eu sei que funcina.
SÓ. QUE. EU. NÃO. QUERO.
E isso é insano, foi um choque admitir pra mim mesma. Quando eu me dei conta, estava parando de postar não por estar sem ideias ou sem assunto, apenas por estar sem vontade. E sem tesão, me desculpa, eu não faço nada.
Então quem começa a me seguir hoje no insta nem imagina que uns 6 meses atrás eu postava minha rotina inteira, ensinava a usar produtos novos toda semana, compartilhava minha intimidade… quando eu vez e nunca apareço demonstrando um lançamento é quase um choque para essas pessoas. E eu me pergunto: será que essa vontade volta algum dia?
Hoje eu consigo viajar e compartilhar uma foto bonita de paisagem e só. Faço três atividades físicas por dia e quase nenhuma delas aparece nos stories. Mostro que cheguei na loja, chamo o pessoal pra passar aqui e depois sumo até o dia seguinte, quando posto novamente que estou na loja. E isso tá fazendo sentido pra mim agora.
A minha libido tá em outro lugar e em outros projetos no momento. Eu não quero e não posso direcionar a mesma energia de sempre para o perfil. E eu não sei qual é o desfecho disso, até porque eu ainda preciso prospectar novas clientes e manter contato com as pessoas, ou seja, não dá para simplesmente deletar a conta.
Cheguei num impasse da falta de vontade com a necessidade. Talvez algum dia eu saia disso, talvez não. A Letícia do futuro terá muito o que pensar.
Essa reflexão fez sentido por aí? Então que tal compartilhar com alguma amiga que também vai gostar de ler?
Contexto pra quem não me conhece:
Essa sou eu:
Se você ainda usa Instagram, fica aqui o convite para conhecer meu perfil. Não prometo nada, viu? Eu sou boa nisso, de fazer o meu trabalho, mas no momento eu preciso de um tempo para tocar os negócios, o trabalho e a vida de um jeito diferente. Dito isto, meus pets ainda aparecem por lá. Sempre vale a pena ver cães e gatos fofinhos né?
Foto de uma das minhas gatas pra te mostrar que o negócio dos pets é real.
Ah, e se me seguir lá, me conta que veio daqui? Eu vou ficar derretida em saber!
O que você sentiu ao ler esta reflexão? Deixe um comentário, tô doida pra saber!
Sério. Vamos falar sobre esse ranço absurdo do Instagram? Em fevereiro eu me vi estressadissima fazendo o bendito cronograma de postagem porque estava às vésperas do lançamento do meu livro. Chegou a me dar um desconforto físico, um aperto no estômago, sabe?
Ai me dei conta da mesma coisa que você. Eu não quero isso! Mandei o cronograma pro lixo e me ajeitei assim: se tenho uma inspiração, uma ideia que me anima pra fazer um post/reels, beleza! Vou lá e faço. Mas se tô bodeada, fico dias sem nem entrar. Sem cobrança, tá tudo certo.
Não quero nem saber se tá longe de ser o ideal. Sinceramente, é o melhor que posso dar de mim para essa rede social nesse momento.
Gostei demais e me identifiquei MUITO!