Eu, como qualquer mãe de planta, converso com minhas plantas. É algo tão natural que eu não penso muito nisso, mas dou bom dia, dou oi quando chego, me despeço… e é claro que qualquer intervenção, como podas e trocas de vaso, são feitas após comunicar a plantinha sobre o procedimento que será realizado. Apesar da ausência de um consentimento verbal, eu penso que é legal elas estarem cientes do que vou fazer e do meu propósito com isso.
É coisa de louca? Se for, ótimo.
Eis que estava observando as folhas secas da minha zamioculca e resolvi podar, tirar aqueles ramos que pesam o visual e tiram o viço da bonita. Pedi licença e puxei cuidadosamente as partes ressecadas - eu nem precisei usar a faca; parece que a maneira dela de consentir é facilitar o meu serviço (ou eu sou mesmo muito doida).
Olhei para a planta toda verdinha e linda, com seus brotinhos novos, e falei com satisfação “tá vendo como é bom se livrar do que não faz mais sentido pra gente?”. Pra que? Ai bateu a crise.
Logo emendei que eu queria que as tais “coisas que não fazem mais sentido” na minha vida fossem óbvias como folhas secas numa planta. A gente visualiza de longe, sabe o que tem que fazer, tira fora as partes amareladas ou marrons e pronto! E na vida, faz o que? Como a gente diferencia o que é folha seca, que não dá mais frutos e não tem mais condições de vicejar, de ramos que estão simplesmente mais adormecidinhos mesmo, que demoram mais florescer?
Aí você pode falar de intuição, numa vibe mais mística, com todos os sinais do Universo. Ou pode me orientar a fazer uma lista de prós e contras, bem pragmática. Já adianto que eu uso as duas vertentes no meu cotidiano e as respostas são insuficientes. O que mais funciona é escrever sobre o drama em questão, algo que faço num caderninho que, se eu morrer, é bom minha melhor amiga queimar, antes que algum desavisado leia e veja a pessoa BIZARRA que eu sou/era por dentro! Só que às vezes nem isso funciona, então eu empurro com a barriga mesmo.
E talvez seja sobre isso, empurrar até as coisas ficarem mais claras. Essa plantinha mesmo, por exemplo: um de seus ramos demorou semanas pra realmente secar, para ficar óbvio que deveria ser cortado. As folhas amarelaram por partes, completamente esquisitas nas pontas, mas verdinhas e lindas na base. Eu não queria arrancar da planta essa parte dela que ainda carregava tanta vida, sabe? Então posterguei o momento, até que ficou mais do que evidente que o raminho havia morrido, de vez. Tanto que saiu fácil né? Quando já não tem vida no galho, ele sai com facilidade, agora experimenta cortar uma parte sadia pra ver o trampo que dá!
Será que na vida é assim também? Se ainda tem muita vida em uma versão nossa, é melhor esperar secar mais, perder essa vitalidade e então arrancar fora? Mas qual o real peso de carregar uma parte semi-morta pra cima e pra baixo, só porque ainda tem um pouquinho de seiva correndo ali? Às vezes, muito peso.
Sigo com minhas dúvidas, cuidando das minhas plantas e esperando absorver a sabedoria delas. Depois de se livrar do que não presta, elas brotam mais e mais. Não ficam sofrendo por deixar partir aquela folha ressecada e esquisita. Que a gente aprenda tudo isso também.
Essa reflexão fez sentido por aí? Então que tal compartilhar com alguma amiga que também vai gostar de ler?
Uma pausa no seu dia
Para observar os brotinhos da minha Zamia!
Lindos né?
E é assim que fica quando a folhinha começa a morrer ó:
Entende por que eu espero pra cortar?
O que você sentiu ao ler esta reflexão? Deixe um comentário, tô doida pra saber!
É exatamente isso!