Ao trabalhar com sexualidade na internet, nos sujeitamos a uma perseguição que me provoca uma sensação que é quase um déjà vu. Em pleno 2024, falar de prazer feminino é uma heresia punível com algo que, nos nosso parâmetros atuais, é similar à morte: o apagamento das redes sociais.
Para evitar que sejamos relegadas ao ostracismo, fingimos seguir as regras. Mascaramos as palavras proibidas, inventamos códigos e mímicas que camuflem nossas ideias, apelidamos nossos produtos com nomes que disfarcem seu real propósito. É um eterno pisar em ovos e, CUIDADO! Qualquer escorregão te faz sentir o calor da fogueira. Estão loucos para te ver queimar (e não é de tesão).
Por que uma mulher dona dos próprios desejos é tão amedrontadora? Qual o tamanho do poder que eles enxergam em nós? E como é que nós mesmas permanecemos inconscientes desse poder?
É que uma mulher que diz “não”, sabe do que gosta e não tem medo de se expressar é uma mulher que incomoda. Eles nos querem bem quietinhas, dóceis e anestesiadas em público. Na cama, pouco importa que os gemidos sejam de prazer fingido. Pode performar e gritar, igual nos filmes, desde que esteja ali disponível para que ele chegue ao clímax, sem nem mesmo saber onde fica o seu clitóris.
Eles não se importam se você perdeu o brilho no olhar. Esse mau humor, essa tristeza, é hormonal, toma aqui um anticoncepcional para não sentir mais nada. E assim somos castradas, desconectadas de nossos ciclos, esquecemos que existe libido e nem vemos sentido em lutar para recuperá-la. Mulher é assim mesmo, nem gosta dessas coisas.
Só que estamos despertando do nosso sono, famintas de vida. E cada mulher que acorda para o seu potencial faz questão de acordar todas as amigas. Algumas de nós, corajosas, ousam falar abertamente, na cara do inquisidor, mesmo sabendo que nenhuma iniciativa feminina está livre de represálias. Somos teimosas, sim, somos tudo o que nos falaram para não ser.
Ora mais cuidadosa, ora mais relaxada, eu sigo tentando espalhar umas verdades. Eu prefiro queimar na fogueira da censura do que permanecer congelada no torpor que nos impuseram.
Vem comigo?
Essa reflexão fez sentido por aí? Então que tal compartilhar com alguma amiga que também vai gostar de ler?
Contexto pra quem não me conhece:
Essa sou eu:
Eu trabalho com sexualidade humana desde abril de 2019. Comecei com a revenda de produtos de sex shop, mas não me limitei a isso: me especializei na área, fiz pós-graduação em sexualidade humana, inúmeros cursos e afins, tudo visando um atendimento diferenciado para minhas clientes. Em 2020, quando o mundo se tornou ainda mais digital, intensifiquei minha presença nas redes sociais (inclusive, se você ainda usa Instagram, fica aqui o convite para conhecer meu perfil) e desde então sigo tentando fazer meu trabalho, apesar da censura. Já tive uma conta do Instagram e um canal do YouTube excluídos sem nenhum aviso prévio, constantemente entro naquele caralho de shadowban (que é quando o insta derruba o seu alcance para te “punir” por violar as diretrizes) e todo dia busco novas formas de transmitir meu conhecimento e divulgar o que faço sem pisar no calo do moralismo das redes. Até o Tik Tok já pegou ranço de mim e eu desisti dele, chega.
Apenas um desabafo de mais uma pessoa frustrada com o Instagram
Esse texto é antigo, escrito num dia de imensa frustração em que eu realmente pensei em desistir de tudo - e persisti, pois depois de abrir uma loja física não posso me dar ao luxo de negar a principal forma de divulgação do meu trabalho. Além de eu estar amando o Substack por tudo o que ele é, pelo respiro que ele representa no meu dia, também amo a sensação de que aqui sou mais livre para compartilhar sem precisar medir as palavras ou usar trocadilhos. A liberdade de ser quem se é vale ouro!
O que você sentiu ao ler esta reflexão? Deixe um comentário, tô doida pra saber!